sexta-feira, 18 de março de 2011

As dores silenciosas não mais nos comovem.

O ano de 2011 começou à mil! Em todos os sentidos.
Mas hoje venho falar dessa série de acontecimentos andam assustando o mundo. As enchentes e desmoronamentos no Brasil, o maremoto seguido de tsunami no Japão, e por que não lembrar do acidente com os mineiros no Chile, dos acidentes aéreos, o terremoto no Haiti e outras tantos fenômenos naturais que andam dizimando nações?
É mesmo muito chocante ver todas aquelas imagens, é difícil acreditar que tudo isso não é ficção, que as pessoas que perdem suas casas e  suas famílias choram pra valer, porque não houve ensaio e não haverá reapresentação.
Me sinto muito mal ao perceber que precisamos de tão grandes catátrofes para nos sentirmos sensibilizados, para sentir vontade de ajudar alguém, nem que seja por peso na consciência... é duro perceber que as dores silenciosas não mais nos comovem.
A dor de um irmão que não consegue se relacionar com o outro. A dor do empregado que é demitido injustamente e se sente o cocô do mundo. A dor de tantos jovens que estudam mais que tudo e ainda assim não atingem suas metas. A dor de um idoso mal tratado pelos filhos ou deixado num asilo. A dor da mãe que deixa de comer para fazer viver seus filhos. A dor daqueles que se encontram na solidão, ou entre os vícios. A dor do pai que se vê de fora da vida dos filhos. A dor daqueles que trabalham dia e noite e não tem um momento sequer de lazer. A dor daquelas mulheres que vivem pela beleza. A dor das famílias rodeadas de riqueza e que são tão vazias em suas relações. A dor do fracasso, especialmente quando a decepção é consigo mesmo...
Sei que todos esses exemplos podem soar um tanto apelativos, mas o que quero mesmo é lembrar dessas pequenas dores que nos rodeiam o tempo todo e que fingimos não notar.
Sei que é cômodo ignorar, por enquanto a situação é muito favorável, tenho casa, a melhor escola, um carro, roupas boas, festas, amigos, papai e mamãe apoiando.
E se o jogo vira? 
Se num minuto a gente perde tudo?
Fica muito mais difícil ignorar, mas ser-humano é bicho-talentoso!  Dá jeito pra tudo e ignorar será sempre permitido. Mas até que ponto nos convém?
Até que ponto não ouvir, não falar e não ver será justo para conosco?
Porque se tem um motivo válido para se atentar às chagas do mundo ou olhar para dentro de si e reconhecer todo o lixo que existe ali, este motivo é que nós existimos!
E quem mais na sua vida merece mais do que você mesmo?
O engraçado é que além de não cuidarmos do que nos rodeia nós não cuidamos do que somos. Sabemos nossos defeitos de cor e salteado e de repente se nos pedem uma qualidade não conseguimos encontrar.
Sem contar quando enxergamos no outro aquilo que nos falta como se fosse impossível encontrar em si mesmo.
Sabe, é importante se conhecer, se valorizar, e quando digo isso não significa se tornar um pote de orgulho. Apenas buscar reconhecer o que se tem de bom. E ainda mais:
Deixar que os olhos vejam o que há de  bom nas pessoas!
Madre Tereza de Calcutá,  umas das mulheres mais fantásticas na minha opinião, já dizia que se você julga as pessoas, não tem tempo de amá-las.
Não vai ser fácil, nunca é. Mas é sempre possível e há sempre tempo.
Há sempre tempo.
Há sempre tempo de ser o que você poderia ter sido.


Meus textos andam saindo com um tom pra lá de auto-ajuda, mas nem me importo mais, aliás que preconceito esse meu! Já não ligo, não ligo que as coisas sejam clichês desde que sejam ditas com verdade e não porque simplesmente disseram. Não ligo que meus texto sejam sentimentalistas ou mesmo de auto-ajuda, a definção é o que menos me preocupa.
E sei que cada palavra terá sentido distinto para cada um... Quase tudo que escrevo vem de uma necessidade enorme de dividir minhas sensações e percepções com as paredes e janelas que me lêem...

...“Só 10% é mentira” (Manoel de Barros)