segunda-feira, 11 de julho de 2011

Espirro

De repente a gente é grande.
De repente mamãe não acorda mais a gente pra ir na aula.
De repente tudo que era tão grande passa a caber em um só olhar.
De repente a gente acorda pra tomar café e percebe que todos ainda estão dormindo.
De repente temos o céu em nossas cabeças, outras vezes as cabeças tão perto do céu.
De repente a gente tem que fazer escolhas e lidar com as consequências de cada uma delas.
De repente aparece uma pedra no meio do caminho, outras vezes um caminho em meio às pedras.
De repente as pessoas nos decepcionam e percebemos o quanto ainda precisamos delas.
De repente a gente aprende a perdoar mais, a se amar mais.
De repente a vida nos mostra as coisas mais sublimes, faz a gente acreditar que as merecemos para sempre.
De repente a gente se acomoda.
De repente vem a chuva forte e leva tudo.
De repente a gente encontra uma mão pra nos levantar. E outras vezes a gente aprende a se levantar sozinho.
De repente a gente olha e pensa como seria bom voltar a ser pequeno.
De repente as lembranças são parte permanente da gente.
De repente a gente sente vontade de largar tudo,
Porque de repente a gente é grande.
E de repente, quando não há mais nada a perder, a gente percebe que as coisas que realmente importam pra gente, estiveram sempre ao nosso alcance. Apenas esperando o nosso despertar.
E de repente ainda há tempo de ser.
Porque de repente a gente é grande.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O coração tem razões que a própria razão desconhece

Ontem, estava na aula quando a professora nos contou sobre a tragédia no Rio.
Um homem entra numa escola, mata 12 jovens, fere vinte e tantos e depois se mata.
O que pensar numa hora dessas?
Por alguns instantes fiquei me perguntando o que leva uma pessoa a esse ponto...
E aí eu me lembrei de uma frase que barrou qualquer revolta ou pensamento ruim:
 "O coração tem razões que a própria razão desconhece."
Muito pior do que o crime que ele cometeu, é o julgarmos com tanta crueldade.
Sei que não existe um motivo sequer que possa justificar essa tragédia. Compreendo a indignação de todos, mas sinto que xingar, falar mal e desejar as piores coisas  a este homem não trará retorno algum senão o mal causado a nós mesmos.
Essa não é a primeira nem será a última vez que nós nos colocamos nessa posição de donos da verdade, de condenadores. Quantas vezes já  vimos pela televisão ou ao vivo as multidões que se aglomeram na porta dos tribunais só para ver passar os tantos que provocaram tragédias!?
Dos mais recentes, posso citar os que arrastaram o menino João Helio, os Nardoni, o goleiro Bruno e muitos outros que  nos deixam sem reação tamanha atrocidade que cometem. E ainda nesse meio a mídia se aproveita do circo pra faturar milhões.
Seria muito melhor se ao invés de perdermos nosso precioso tempo com tanto pensamentos xulos, fizéssemos pelo menos uma oração. E  aos que não acreditam em nada, que pelo menos mentalizassem boas energias para confortar aqueles que se foram e as familias que tem agora de lidar com a perda.
Coisa mais difícil é essa história de perda. Coisa mais difícil.
Por isso da próxima vez que escutar  qualquer notícia ruim , antes de apontar o dedo, tente ao menos enxergar que ninguém nesse planeta sabe de tudo, e que se vc não é perfeito nem tem direito de cobrar do outro a perfeíção. Porque é muito fácil notar o erro alheio, difícil é aceitar as nossas sujeiras e aprender a lidar com o que temos de pior.

"Você pode fugir do barulho do rio
 e das folhas ao vento,
mas o verdadeiro barulho está dentro de você."

sexta-feira, 18 de março de 2011

As dores silenciosas não mais nos comovem.

O ano de 2011 começou à mil! Em todos os sentidos.
Mas hoje venho falar dessa série de acontecimentos andam assustando o mundo. As enchentes e desmoronamentos no Brasil, o maremoto seguido de tsunami no Japão, e por que não lembrar do acidente com os mineiros no Chile, dos acidentes aéreos, o terremoto no Haiti e outras tantos fenômenos naturais que andam dizimando nações?
É mesmo muito chocante ver todas aquelas imagens, é difícil acreditar que tudo isso não é ficção, que as pessoas que perdem suas casas e  suas famílias choram pra valer, porque não houve ensaio e não haverá reapresentação.
Me sinto muito mal ao perceber que precisamos de tão grandes catátrofes para nos sentirmos sensibilizados, para sentir vontade de ajudar alguém, nem que seja por peso na consciência... é duro perceber que as dores silenciosas não mais nos comovem.
A dor de um irmão que não consegue se relacionar com o outro. A dor do empregado que é demitido injustamente e se sente o cocô do mundo. A dor de tantos jovens que estudam mais que tudo e ainda assim não atingem suas metas. A dor de um idoso mal tratado pelos filhos ou deixado num asilo. A dor da mãe que deixa de comer para fazer viver seus filhos. A dor daqueles que se encontram na solidão, ou entre os vícios. A dor do pai que se vê de fora da vida dos filhos. A dor daqueles que trabalham dia e noite e não tem um momento sequer de lazer. A dor daquelas mulheres que vivem pela beleza. A dor das famílias rodeadas de riqueza e que são tão vazias em suas relações. A dor do fracasso, especialmente quando a decepção é consigo mesmo...
Sei que todos esses exemplos podem soar um tanto apelativos, mas o que quero mesmo é lembrar dessas pequenas dores que nos rodeiam o tempo todo e que fingimos não notar.
Sei que é cômodo ignorar, por enquanto a situação é muito favorável, tenho casa, a melhor escola, um carro, roupas boas, festas, amigos, papai e mamãe apoiando.
E se o jogo vira? 
Se num minuto a gente perde tudo?
Fica muito mais difícil ignorar, mas ser-humano é bicho-talentoso!  Dá jeito pra tudo e ignorar será sempre permitido. Mas até que ponto nos convém?
Até que ponto não ouvir, não falar e não ver será justo para conosco?
Porque se tem um motivo válido para se atentar às chagas do mundo ou olhar para dentro de si e reconhecer todo o lixo que existe ali, este motivo é que nós existimos!
E quem mais na sua vida merece mais do que você mesmo?
O engraçado é que além de não cuidarmos do que nos rodeia nós não cuidamos do que somos. Sabemos nossos defeitos de cor e salteado e de repente se nos pedem uma qualidade não conseguimos encontrar.
Sem contar quando enxergamos no outro aquilo que nos falta como se fosse impossível encontrar em si mesmo.
Sabe, é importante se conhecer, se valorizar, e quando digo isso não significa se tornar um pote de orgulho. Apenas buscar reconhecer o que se tem de bom. E ainda mais:
Deixar que os olhos vejam o que há de  bom nas pessoas!
Madre Tereza de Calcutá,  umas das mulheres mais fantásticas na minha opinião, já dizia que se você julga as pessoas, não tem tempo de amá-las.
Não vai ser fácil, nunca é. Mas é sempre possível e há sempre tempo.
Há sempre tempo.
Há sempre tempo de ser o que você poderia ter sido.


Meus textos andam saindo com um tom pra lá de auto-ajuda, mas nem me importo mais, aliás que preconceito esse meu! Já não ligo, não ligo que as coisas sejam clichês desde que sejam ditas com verdade e não porque simplesmente disseram. Não ligo que meus texto sejam sentimentalistas ou mesmo de auto-ajuda, a definção é o que menos me preocupa.
E sei que cada palavra terá sentido distinto para cada um... Quase tudo que escrevo vem de uma necessidade enorme de dividir minhas sensações e percepções com as paredes e janelas que me lêem...

...“Só 10% é mentira” (Manoel de Barros)